quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Itapagipe: Onde tudo começou

A Ribeira é um dos 14 bairros que compõe a Península de Itapagipe na Cidade Baixa. A história da Ribeira e de Itapagipe se entrelaçam, já que o bairro foi o primeiro a ser edificado na península.
Roberto Albergaria de Oliveira, mestre e doutor em História e Doutor em Antropologia  pela Universidade de Paris e graduado em História pela Universidade Federal da Bahia ( agora está tudo certo né?, rsrs), conversou comigo a respeito de Itapagipe e a sua formação. A nossa conversa deu "pano pra manga" e  está dividida em duas partes.  Espero que gostem. Obrigado Professor Roberto pela sua receptividade!

domingo, 19 de setembro de 2010

É na Ribeira...

 Quando se fala em Cidade Baixa, certamente o nome Ribeira torna-se uníssono para grande maioria dos soteropolitanos. O bairro é conhecido por ser um lugar em que o passado ainda está presente na vida dos seus moradores, é como se constantemente você fizesse uma viagem no tempo, vislumbrando os suntuosos casarões do início século XX que abrigaram as casas de veraneio da elite soteropolitana da época.
O Hidroporto dos Tainheiros, construído em 1938, foi considerado o mais avançado e o maior sistema de transporte aéreo do mundo. Possuía instalações luxuosas e relógios de precisão inglesa. Era chamado de hidroporto porque os aviões decolavam no mar, ou seja, amerissavam na água. Diversas personalidades passaram pelo Hidroporto dos Tainheiros, como Getúlio Vargas, Sílvio Caldas e Orlando Silva. O lugar também recebeu artistas internacionais, como Errol Flynn, Lew Aires e Jonh Bolles.
Já a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha, na Avenida Beira Mar data de 1742, tem na sua arquitetura, o Palácio de Verão do Arcebispo, que abrigou Dom José Botelho de Matos, o oitavo Arcebispo da Bahia e do Brasil. Em estilo barroco, possui uma efígie de Bom Jesus de Pedra, pintura original Lusitana. Os restos mortais de Dom José Botelho de Matos encontram-se no interior da Igreja da Penha



Fotos: Morgana Neves Montalvão

Há também outra igreja, a de Nossa Senhora do Rosário, construída em 1799 pela antiga irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Itapagipe de Baixo. A irmandade hoje tem outro nome, Confraria de Nossa Senhora do Rosário, que é responsável pelas aulas de catequese nas tardes de sábado e também por dois grupos de jovens. O Coral da Penha e o Coral Regina Sacrantissimi Rosani (em latim Rainha do Sacrantíssimo Rosário), que pertencem a capela, possuem integrantes com idades entre 35 e 80 anos de idade, suas apresentações são cheias de sentimento e costumam emocionar os fiéis em dias de missa.


Em Salvador Cultura Todo Dia você vai ver outros dados importantes e curiosos sobre o bairro. Boa Leitura!

Por que a Ribeira?


Quando se fala em Cidade Baixa, certamente o nome Ribeira torna-se uníssono para grande maioria dos soteropolitanos. O bairro é conhecido por ser um lugar em que o passado ainda está presente na vida dos seus moradores, é como se constantemente se fizesse uma viagem no tempo, vislumbrando a arquitetura dos suntuosos casarões do início século XIX e XX, que abrigaram as residências da elite soteropolitana da época. Estigmatizada como um local bucólico e tranqüilo, tem a Enseada dos Tainheiros e a Praia da Penha, de águas translúcidas e quentes como o seu cartão postal. As casas construídas estrategicamente de frente para o mar é um convite perfeito para um gostoso bate-papo ao cair da tarde, contemplando um pôr-do-sol inesquecível, costumes simples, que lembram uma cidade do interior. Todos os dias, pescadores trazem frutos do mar que estarão na mesa dos restaurantes da Avenida Beira-Mar, com seus pratos famosos, conhecidos por toda Salvador. Esses são os encantos da Ribeira, um bairro que se entrelaça com a história da Península de Itapagipe, o primeiro a ser edificado na península.
O ensaio fotográfico Um Olhar sobre a Ribeira: Uma viagem no tempo estabeleceu uma comparação fotográfica entre a áurea Ribeira da década de 30 e 40 do século passado, com a Ribeira atual, do ano de 2010, do século XXI. Levantei 15 fotos antigas da Ribeira, obtidas nos acervos fotográficos da Fundação Gregório de Matos, do Arquivo Público da Bahia, e de três moradores retratados no catálogo, Cecy Ramos Costa Bahia, Prentice Sacramento de Carvalho e Reginaldo de Sousa Bonfim Filho, retratados no catálogo. Das quinze imagens, sete foram escolhidas para compor catálogo, a partir destas, houve uma tentativa de reprodução dos mesmos ângulos da fotografia original, com o objetivo de revelar as mudanças ocorridas no local no decorrer dos anos e os seus detalhes: novas construções; as ferramentas urbanas incorporadas à paisagem, como pontos de ônibus, iluminação, calçamento e também revelar a presença humana, registrando alguns de seus hábitos.  Os lugares escolhidos por mim representam a história do bairro e são pontos estratégicos conhecidos por todos os itapagipanos, como a Praça General Osório, Hidroporto dos Tainheiros, Igreja de Nossa Senhora da Penha, Avenida Mem de Sá, Largo da Ribeira, Balaustrada e Solar Amado Bahia.
Escolhi a fotografia para realizar este trabalho, pois além de gostar muito de fotografar, registrei imagens que tendem a mostrar um lugar que é bonito e que possui grande significado para a história da cidade. Tenho uma relação estreita com a Ribeira, quando criança passei diversos momentos felizes, que marcaram profundamente a minha vida. Estou cumprindo um desejo antigo de fazer algo sobre o lugar, já que eu, na condição de itapagipana, me sinto resgatando um bem histórico do bairro que foi o primeiro a ser erguido na Península de Itapagipe, e que faz parte da história de Salvador.