domingo, 19 de setembro de 2010

Por que a Ribeira?


Quando se fala em Cidade Baixa, certamente o nome Ribeira torna-se uníssono para grande maioria dos soteropolitanos. O bairro é conhecido por ser um lugar em que o passado ainda está presente na vida dos seus moradores, é como se constantemente se fizesse uma viagem no tempo, vislumbrando a arquitetura dos suntuosos casarões do início século XIX e XX, que abrigaram as residências da elite soteropolitana da época. Estigmatizada como um local bucólico e tranqüilo, tem a Enseada dos Tainheiros e a Praia da Penha, de águas translúcidas e quentes como o seu cartão postal. As casas construídas estrategicamente de frente para o mar é um convite perfeito para um gostoso bate-papo ao cair da tarde, contemplando um pôr-do-sol inesquecível, costumes simples, que lembram uma cidade do interior. Todos os dias, pescadores trazem frutos do mar que estarão na mesa dos restaurantes da Avenida Beira-Mar, com seus pratos famosos, conhecidos por toda Salvador. Esses são os encantos da Ribeira, um bairro que se entrelaça com a história da Península de Itapagipe, o primeiro a ser edificado na península.
O ensaio fotográfico Um Olhar sobre a Ribeira: Uma viagem no tempo estabeleceu uma comparação fotográfica entre a áurea Ribeira da década de 30 e 40 do século passado, com a Ribeira atual, do ano de 2010, do século XXI. Levantei 15 fotos antigas da Ribeira, obtidas nos acervos fotográficos da Fundação Gregório de Matos, do Arquivo Público da Bahia, e de três moradores retratados no catálogo, Cecy Ramos Costa Bahia, Prentice Sacramento de Carvalho e Reginaldo de Sousa Bonfim Filho, retratados no catálogo. Das quinze imagens, sete foram escolhidas para compor catálogo, a partir destas, houve uma tentativa de reprodução dos mesmos ângulos da fotografia original, com o objetivo de revelar as mudanças ocorridas no local no decorrer dos anos e os seus detalhes: novas construções; as ferramentas urbanas incorporadas à paisagem, como pontos de ônibus, iluminação, calçamento e também revelar a presença humana, registrando alguns de seus hábitos.  Os lugares escolhidos por mim representam a história do bairro e são pontos estratégicos conhecidos por todos os itapagipanos, como a Praça General Osório, Hidroporto dos Tainheiros, Igreja de Nossa Senhora da Penha, Avenida Mem de Sá, Largo da Ribeira, Balaustrada e Solar Amado Bahia.
Escolhi a fotografia para realizar este trabalho, pois além de gostar muito de fotografar, registrei imagens que tendem a mostrar um lugar que é bonito e que possui grande significado para a história da cidade. Tenho uma relação estreita com a Ribeira, quando criança passei diversos momentos felizes, que marcaram profundamente a minha vida. Estou cumprindo um desejo antigo de fazer algo sobre o lugar, já que eu, na condição de itapagipana, me sinto resgatando um bem histórico do bairro que foi o primeiro a ser erguido na Península de Itapagipe, e que faz parte da história de Salvador.

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